O sol nasce as 5:30 da manhã na Praia do Saco no Sergipe. Antes mesmo desse horário ela já havia acordado e deparou-se com um amontoado de “poços de areia”
-Benditas Dunas!
Pensa ela indignada com a situação
Mesmo a 10 km de distância os areais invadem seu espaço e comprometem a sua impecável organização.
Prateleiras a oeste
Quartos no Leste
Sofá no Norte
Cozinha sudoeste!!
Mas tudo bem pensa, ela abre as janelas e vê que o céu já perdeu um pouco do seu alaranjado, típico do amanhecer e começa e limpar as areias. Essa rotina se repete todos os dias. Quer dizer ... nem todos
As areias que adentravam o seu espaço nunca eram as mesmas ...Talvez ela que não reparasse nesse detalhe.
Até que em meio a um entardecer, está lá no meio do corredor uma linda concha, daquelas que colocamos no ouvido para escutar o mar
-Como isso chegou aqui? O vento jamais seria capaz de sustentar esse peso
Mas no sentido contrário de sua rotina, ela posiciona a concha perto do ouvido. Porém quebra esse contato rapidamente ao escutar vozes irreconhecíveis vindas do seu interior.
Perplexa, questiona a si mesma a realidade do ocorrido, respira fundo, e encosta novamente a concha em seu ouvido. Desta vez escuta mais claramente a voz de uma garotinha:
- Pai será que daqui conseguimos ver o Mar?
- Se a gente subir um pouco mais Duna talvez a gente consiga!
A pequena garota é agitada
Não apenas sobe a duna, ela faz questão de sentir a areia, admirar a vegetação rasteira.
Ela brinca com a abundância que natureza lhe oferece naquele momento e sem nem mesmo perceber logo na altura do seu olhar estar o mar.
Ao retirar a concha do ouvido ela está em prantos e finalmente entende que o processo de expulsão dos areais era em vão. O problema nunca foi a areia, isso faz parte do processo o importante é lembrar que antes de planejar é preciso habitar no presente
Essa casa está localizada na praia do Saco no Estado do Sergipe. O seu desenvolvimento se confunde com a história da própria moradora e arquiteta, que buscar firma suas raízes no local onde nasceu e cresceu depois de passar muito tempo fora estudando. É um ensaio sobre como a arquitetura de funde com natureza e como esta ganha forma apenas ao ser habita pelas emoções humanas que não podem ser estáticas.
#PROJETOSQUECONTAMHISTORIAS
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