Projetos contam histórias. Mas, foi necessário aprender a sonhar para chegar até aqui. Foi essencial ouvir uma voz. Ouvir as avós.
Foi imprescindível reconhecer o poder das lembranças na construção da nossa história, pois somos produtos de vidas que nos antecederam e carregam consigo cada detalhe de uma vida que nunca iremos reviver. A essência deste projeto busca exaltar a arquitetura identitária brasileira, reconhecendo que não há história mais bela do que a contada por uma avó sentada numa cadeira de balanço, onde as palavras se misturam ao aroma de um café coado no pano com marcas de outros cafés, e com o som de várias plantas que se misturam entre mudas e folhas balançando no ar.
Este projeto utiliza dos revestimentos propostos para revisitar elementos singulares brasileiros, de uma arquitetura de design que não almeja apenas o mercado, mas a essência daquilo que jamais poderá ser retirado de cada um de nós: as nossas memórias mais humanas. O projeto traz um cenário que reconhece que há um mundo lá fora, mas também há um mundo em cada espaço que ousamos ocupar.
Este projeto homenageia as avós de todos nós, em especial a minha. Uma avó que não vislumbrou além da sua própria sacada, mas que tinha um universo só seu ali naquele recanto. Que passava as tardes observando o mundo correr lá fora e tinha a sensibilidade de olhar com tranquilidade para suas plantas, de saborear seu café e sentir a brisa e sua tranquilidade, que tinha o prazer de sentar na rede e entender a dinâmica que foi fundamental para costurar cada linha. Que, ao se apoiar no muro baixo esculpido pelo cobogó ‘On Fire Canyon’, olhava para fora e ria da velocidade que as pessoas corriam e que lentamente, em seu movimento, conseguia ver beleza no chão de piso de caquinhos vermelhos, nos blocos e tijolos que cercavam o mundo que ela desejava viver, representados no chão de ‘Kit Janeiro Off White’ e na parede revestida com o ‘Neotropical Sunset Mix’. Assim como um pássaro preso na gaiola que ninguém tira o canto, ela permaneceu naquele balanço, deixando sua magia nas marcas do pano, do piso, do canto, nas entrelinhas do mundo que ela construiu entre a rede e o verde. O chão e a parede. Naquele cantinho ela viu o mundo nascer e terminar. Foi na arquitetura da sua simplicidade que eu aprendi que não há melhor projeto no mundo do que aquele em que prevaleça a nossa verdade.
Nossos projetos contam histórias que nos possibilitam ser vividas, nos momentos em que nos atrevemos a viver o mundo que há em cada um de nós.
#PROJETOSQUECONTAMHISTORIAS
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