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Museu Contemporâneo de Niterói

Guia de viagens: visite os 4 maiores projetos arquitetônicos brasileiros

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07.11.2017
Com alguns conhecimentos prévios sobre suas características e relações contextuais, a visita aos grandes projetos arquitetônicos pode ser muito mais proveitosa. Por isso, revelamos, neste guia, os aspectos e características que tornam as 4 maiores obras brasileiras dos últimos tempos reconhecidas e aclamadas em nosso país.
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Dentro do vasto universo das obras arquitetônicas, cada uma possui disposições tipológicas, materiais, dimensões e sistemas construtivos próprios que compõem edifícios únicos. Mas não é só isso que particulariza cada projeto.

Uma obra arquitetônica recebe a influência das pessoas vinculadas a ela e possui uma localização na história da arquitetura. Portanto, sua identidade está sempre atrelada a diferentes circunstâncias que marcaram sua origem e também às transformações que incidem sobre ela ao longo do tempo.

Com alguns conhecimentos prévios sobre suas características e relações contextuais, a visita aos grandes projetos arquitetônicos pode ser muito mais proveitosa. Por isso, revelamos, neste guia, os aspectos e características que tornam as 4 maiores obras brasileiras dos últimos tempos reconhecidas e aclamadas em nosso país.

Mas, antes, conheça as características da trajetória da arquitetura brasileira moderna à contemporânea, em que essas obras se enquadram, e entenda as influências que incidem sobre esses estilos.

Influências da arquitetura brasileira atual

A arquitetura contemporânea demarca as obras produzidas entre os anos 1980 até os dias atuais, período em que estão inseridos os 4 projetos arquitetônicos apresentados neste guia. No entanto, não há uma linguagem única que vigore sobre essas obras. A arquitetura contemporânea se apropria de outros estilos arquitetônicos e os ressignifica de diferentes maneiras ao introduzir novos elementos.

Os estilos moderno e contemporâneo são os que mais se confundem, pois as produções atuais ainda se baseiam fortemente no passado, apesar de não se restringirem às técnicas ou às tendências de nenhum período. Mas, em geral, as obras desenvolvidas atualmente no Brasil remetem às características do modernismo.

A arquitetura brasileira moderna é influenciada por arquitetos estrangeiros como o russo Gregori Warchavchik e os alemães Walter Gropius e Mies Van der Rohe. Destaca-se, entre eles, Le Corbusier, arquiteto franco-suíço que teve especial influência na formação de brasileiros inovadores como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, os quais estão entre os principais responsáveis pelo prestígio da arquitetura modernista de nosso país.

Oscar Niemeyer

Niemeyer é um dos arquitetos modernistas mais importantes do mundo devido à significativa contribuição que traz ao estilo quando rompe com alguns princípios estabelecidos, deixando obras que instauraram novos conceitos na arquitetura.

Os ideais europeus modernos eram fortemente marcados pelo funcionalismo e pelo racionalismo, que baseiam os projetos arquitetônicos nas funções das obras. Tradicionalmente, o estilo também se caracteriza pelo uso de formas geométricas bem definidas e pelo abandono às ornamentações.

Ao apostar em curvas livres e na busca pela beleza, Niemeyer rompe com esses ideais e traz originalidade à arquitetura moderna, que ganha reconhecimento internacional. Hoje, o modernismo brasileiro deixa resquícios nas tendências da arquitetura pós-moderna e contemporânea, que se compromete com os rigores formais do modernismo de maneira mais flexível.

Continue a leitura e perceba como isso se manifesta nas características dos 4 maiores projetos arquitetônicos brasileiros dos últimos tempos:

  • Museu Oscar Niemeyer;
  • Museu do Amanhã;
  • Memorial Maria Aragão;
  • Biblioteca Brasiliana.

1. Museu Oscar Niemeyer (MON)

Museu de Oscar Niemeyer
Museu de Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil

O Museu Oscar Niemeyer é um dos principais pontos turísticos da capital paranaense e já recebeu destaque em sites, revistas e canais televisivos nacionais e internacionais. A seguir, descubra mais sobre ele e não se esqueça de adicioná-lo em sua lista de visitas ao passar em Curitiba.

1.1 História

Inaugurado em 2002, o Museu Oscar Niemeyer é conhecido como “Museu do Olho”. Sua grandiosidade se evidencia no consumo de 5.226 m³ de concreto e nos 35.000 m² de construção, além dos mais de 17.000 m² de área expositiva.

O museu tem assinatura do arquiteto de seu nome e sua história começa em 1967, quando Oscar Niemeyer projetou seu prédio principal, que foi inaugurado em 1978 e se tornou sede de secretarias do Estado.

A área começou a ser transformada em museu apenas em 2001, quando foram feitas adaptações no prédio e um anexo, também projetado por Niemeyer, foi adicionado à sua estrutura. Inicialmente, o edifício foi nomeado “Novo Museu” e a área anexada passou a ser conhecida como “Olho” devido ao seu formato. Ambos constituem a estrutura atual do MON.

1.2 Estrutura e características

O prédio principal é uma estrutura de concreto protendido construído a partir de linhas retas em estilo modernista e formado por três andares, que guardam bilheteria, loja, café, salão para eventos e um total de 12 salas expositivas.

O subsolo do mesmo edifício possui um espaço permanentemente destinado ao homenageado pelo museu, onde estão expostos projetos, fotos e maquetes de obras do renomado arquiteto.

Nesse piso também estão mais uma sala expositiva, salas administrativas, um local para a realização de oficinas e cursos e outro espaço com obras do acervo do museu, além de setores como o Centro de Documentação e Referência, a Reserva Técnica e o Laboratório de Conservação e Restauro.

Do prédio principal, é possível acessar o anexo por meio de um túnel. Sua estrutura atinge 30 metros de altura e é dividida em 4 pisos, onde estão um miniauditório, um amplo salão destinado a exposições e o chamado Espaço Araucária.

1.3 Acervo

Mais de 9.000 materiais para pesquisas estão disponíveis no Centro de Documentação e Referência a todos os visitantes que desejarem fazer alguma consulta. Entre esses materiais, se encontram periódicos, publicações, vídeos, arquivos fotográficos, catálogos e revistas sobre arte, curadoria de exposições e outros temas relacionados.

Na Reserva Técnica e no Laboratório de Conservação e Restauro, estão cerca de 4.000 peças que também compõem o acervo do museu e incluem obras de renomados artistas paranaenses e de figuras notáveis como Francisco Brennand, Di Cavalcanti, Andy Warhol, Tomie Ohtake, Caribé, Tarsila do Amaral, Ianelli, Oscar Niemeyer e Cândido Portinari.

2. Museu do Amanhã

Museu do Amanhã
Museu do Amanhã - Rio de Janeiro, Brasil

Em 2015, o Rio de Janeiro inaugurou mais uma forte atração turística: o Museu do Amanhã. A experiência que a arquitetura do prédio proporciona aos seus visitantes é uma das explicações para o sucesso instantâneo que atingiu, tornando-se o museu mais visitado do Brasil logo em seu primeiro ano de atividades.

2.1 História

A projeção do Museu do Amanhã faz parte da operação Porto Maravilha, uma proposta de revitalização urbana da zona portuária do Rio de Janeiro. As construções começaram em 2011 e ocuparam um espaço significativo do píer da praça Mauá, que possui relevância histórica para a cidade.

O projeto leva a assinatura de Santiago Calatrava, influente arquiteto espanhol cujas obras são conhecidas pelo virtuosismo de suas estruturas. Para idealizar o desenho do prédio do museu, ele se orientou pelos traços históricos e culturais da capital e também buscou inspiração em aspectos nativos da flora e da fauna do país.

O arquiteto se baseou nas bromélias do Jardim Botânico para traçar as formas livres e orgânicas que caracterizam o edifício do museu, por exemplo. Outros lugares como o Parque Lage e o sítio Burle Marx também foram fonte de inspiração e pesquisa.

2.2 Estrutura e características

Museu do Amanhã

O edifício do museu possui 15.000 m² de área construída em dois andares, que abrigam vasto espaço expositivo, auditório com 392 lugares, ambientes educativos, café, restaurante, loja, bilheteria, galeria com setores técnicos, mezanino e subsolo para serviço.

A construção chega a comportar 2.300 pessoas e o elemento de maior destaque em sua estrutura é a cobertura de perfis metálicos, cujo formato se assemelha a uma casca invertida de navio.

Essas estruturas de metal são móveis e alteram suas posições de acordo com a incidência solar para que a luz natural alcance o interior do edifício e seja mais bem captada pela usina fotovoltaica instalada — tipo de usina solar responsável por uma parcela da captação de energia para o edifício.  

O aproveitamento da luz para conversão em eletricidade se adéqua aos princípios que nortearam a construção do edifício, baseada em critérios de sustentabilidade ambiental, social e econômica.

Assim, a seleção dos materiais deu preferência a componentes com toxidade baixa, alta durabilidade, reciclados e produzidos em locais próximos ao da obra, para que a emissão de gases de efeito estufa fosse reduzida.

No interior do edifício, a escolha dos pisos também foi cuidadosa. Deu-se preferência a materiais como granito e limestone em cores claras para evitar altas temperaturas formadas por ilhas de calor. Esquadrias de vidro instaladas em fachadas e faces laterais também contribuem para ventilação e entrada de luz natural no ambiente.

Além disso, o condicionamento do ar no interior do museu utiliza água da baía de Guanabara por meio de um sistema de captação e tratamento. A água do mar também é usada para alimentar o espelho d’água, que compõe os entornos do museu, junto a jardins, área de lazer e ciclovia.

2.3 Acervo

O Museu do Amanhã tem como proposta oferecer aos seus visitantes uma narrativa sobre possíveis futuros para os próximos 50 anos e divulgar avanços científicos com suporte tecnológico.

Com base no conceito de museu experimental, a apresentação de seus conteúdos explora formas interativas e sensoriais em torno de temas como tecnologia, conhecimento, biodiversidade, cultura, crescimento populacional e mudanças climáticas.

Com direção de criação de Andres Clerici e concepção museográfica de Ralph Appelbaum, sua exposição principal é dividida entre as áreas “Cosmos”, “Terra”, “Antropoceno”, “Amanhãs” e “Nós”. Os conteúdos expostos em cada uma delas são atualizados à medida que instituições geram novos dados científicos e análises relevantes.

3. Memorial Maria Aragão

Memorial Maria Aragão
Memorial Maria Aragão - São Luís, Brasil

O Memorial Maria Aragão deu à capital maranhense uma obra de assinatura renomada. Oscar Niemeyer assumiu o projeto que resultou na implementação de um espaço onde importantes eventos culturais de São Luís são realizados.

3.1 História

A área onde está localizado o Memorial foi um terreno da antiga estação da Estrada de Ferro São Luís – Teresina, que foi desativada deixando o lugar sem muitas serventias. Então, um projeto de reforma foi lançado em 2001 para a construção da Praça Maria Aragão, onde fica a obra de Niemeyer.

A reforma foi finalizada em 2004, ano de inauguração do Memorial. Sua concepção presta homenagens à ativista e médica maranhense Maria José Aragão, cuja história de enfrentamento, dedicação a causas sociais e busca por emancipação é um marco relevante para a memória do estado.

Oscar Niemeyer assumiu o projeto justamente pela identificação ideológica e amizade que tinha com a homenageada. Ambos participaram do Partido Comunista Brasileiro, o que os aproximava politicamente.

Hoje, o espaço carrega o teor político que marca sua história na medida em que é sede de importantes manifestações populares, além de abrigar exposições, concertos, festas e shows.

3.2 Estrutura e características

A estrutura da obra compõe o maior espaço público aberto de São Luís, que pode abrigar até 15.000 pessoas e é composto por três edifícios dispostos em volta da ampla extensão pavimentada da praça — um prédio de apoio, um anfiteatro e o Memorial.

Com formato similar a uma pomba, o Memorial totaliza 2.000 m² que abrigam a exposição em homenagem a Maria Aragão, com fotos e objetos pessoais dela, além de um café, um escritório administrativo, um auditório e 3 lojas.

O anfiteatro da obra arquitetônica é um palco envolto por uma concha acústica com camarins e sanitários em seu subsolo, e o prédio de apoio é formado por dois retângulos. Um deles é um espaço coberto para uso livre e o outro possui cozinha, bares e sanitários.

Todo o conjunto do projeto arquitetônico concentra importantes características da Arquitetura Moderna Brasileira, cujas formas curvas e desprovidas de ornamentação se contrapõem ao estilo colonial das edificações em seu entorno.

4. Biblioteca Brasiliana

Biblioteca Brasiliana
Biblioteca Brasiliana - São Paulo, Brasil

Localizada no campus da Universidade de São Paulo (USP), a Biblioteca Brasiliana abriu as portas de sua sede atual em 2013, ano de sua inauguração. Desde então, o local reconta a história do Brasil em manuscritos e livros de coleções importantes.

4.1 História

A Biblioteca Brasiliana foi criada em 2005 para abrigar a doação da coleção particular do bibliófilo José Mindlin e sua esposa Guita Mindlin, além da coleção brasiliana fundada por Sérgio Buarque de Holanda, que já fazia parte do Instituto de Estudos Brasileiros da USP.

O compilado do casal Mindlin é o resultado de 80 anos dedicados à formação de uma biblioteca particular com livros raros. José Mindlin começou no início de sua adolescência, quando foi presenteado por seu pai com todos os volumes de “História do Brasil”, de autoria de Robert Southey.

A partir daí, ele decidiu dar continuidade à aquisição de livros sobre o país, o que perdurou por toda sua vida. Sua esposa Guita Mindlin também compartilhava da paixão do marido por livros e se dedicava à restauração das peças em um laboratório que montou em casa, tornando-se referência pelo trabalho de manutenção de patrimônio bibliográfico.

4.2 Estrutura e características

Biblioteca Brasiliana
Biblioteca Brasiliana - São Paulo, Brasil

Uma só edificação compõe a estrutura arquitetônica que comporta o Sibi (Sistema Integrado de Bibliotecas e Informação), o Instituto de Estudos Brasileiros, a Biblioteca Central de Obras Raras e Especiais da USP e a Biblioteca Brasiliana.

O projeto é de autoria dos arquitetos Rodrigo Mindlin Loeb, neto de José e Guita, e de Eduardo de Almeida. Ambos buscaram soluções arquitetônicas que atendessem ao objetivo de assegurar a conservação das obras.

Além de raras, algumas peças do acervo já possuem mais de 500 anos e precisam ser protegidas. Para isso, o projeto arquitetônico adotou o uso de recursos tecnológicos para controlar o ambiente em relação à umidade, luminosidade e temperatura.

Outro ponto que chama a atenção na concepção arquitetônica é a disposição dos elementos em seu interior. A distribuição dos livros foi planejada para que o acervo pudesse ser visto de qualquer ponto do edifício. Desse modo, nenhuma estante foi colocada em frente à outra, o que também traz facilidades operacionais aos seus usuários.

4.3 Acervo

A coleção formada por José Mindlin deu à Biblioteca Brasiliana um total de mais de 32.000 títulos, correspondente a aproximadamente 60.000 volumes sobre temas importantes para a compreensão da história e cultura nacional.

Entre esse conjunto, estão obras de história e de literatura, iconografias, periódicos, relatos de viagem, documentos, manuscritos literários e históricos, livros científicos, mapas, entre outros trabalhos que possuem grande contribuição para os estudos brasileiros.

Conclusão

Ficou inspirado? Não deixe de conferir cada obra presencialmente quando viajar para Curitiba, Rio de Janeiro, São Luís ou São Paulo. Aproveite todo o conhecimento que acumulou com a leitura e aprecie os maiores projetos arquitetônicos brasileiros com o devido valor que possuem. Nosso país é extremamente rico no quesito arquitetônico e a grandiosidade e contribuição cultural dessas obras demonstram isso.

Além disso, faça seu cadastro no Archtrends para você mesmo subir compartilhar seus projetos que você se orgulha!

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