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Louvre Abu Dhabi: conheça esse museu nas águas

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21.03.2018
Um Louvre à beira-mar? Ele existe! No final de 2017, foi inaugurado o Louvre Abu Dhabi na capital dos Emirados Árabes em parceria com o governo francês. A obra, impressionante, demorou uma década para ser concluída, envolveu-se em polêmicas, mas promete inspirar arquitetos do mundo inteiro com um design inovador.
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A inauguração do Louvre Abu Dhabi foi um dos grandes acontecimentos recentes da arquitetura e da arte. E você não pode ficar por fora do assunto, afinal, ele é impressionante. O museu, projetado por Jean Nouvel, é um marco dos investimentos monumentais realizados nos Emirados Árabes nas últimas décadas.

Mesmo tão grandioso, ele pode servir de inspiração para os seus projetos com obras menores. No final do artigo, você encontra o depoimento de uma arquiteta que soube usar muito bem um elemento similar em um trabalho em Chapecó, Santa Catarina.

Acompanhe a leitura!

Qual é a história da construção do Louvre Abu Dhabi

Para entender a construção do Louvre Abu Dhabi, é necessário antes conhecer a história de ascensão da própria cidade. Até o final da década de 50, a região mal contava com infraestrutura básica, como eletricidade e estradas pavimentadas. Era basicamente um deserto habitado por beduínos (tribos ou clãs árabes).

A descoberta e exploração de petróleo no território, a partir de 1958, representou um recomeço para Abu Dhabi, que hoje é a capital dos Emirados Árabes (nono país mais rico do mundo, segundo levantamento da Global Finance Magazine).

O enriquecimento estelar da região veio acompanhado por investimentos na cultura, especialmente na Ilha Saadiyat, conhecida como “Ilha da Felicidade” nos Emirados. Ela é o epicentro dos grandes empreendimentos culturais no território — planeja-se a construção de uma série de grandes museus na ilha, inclusive um novo Guggenheim (projetado pelo ganhador do Pritzker Frank Gehry).

Em março de 2007, o governo francês oficializou um acordo com o governo emiradense: o “aluguel” do nome, da expertise e das obras de arte do Louvre por pelo menos 30 anos em troca de mais de um bilhão de dólares. Você sabia que existem, no total, três museus do Louvre?

Inicialmente, a inauguração do Louvre Abu Dhabi estava prevista para 2012, mas uma série de fatores — como a crise econômica global, a complexidade da obra e os preços oscilantes do petróleo — causou um delay de cinco anos, e o museu foi finalmente inaugurado em novembro de 2017.

Polêmicas na construção

A inauguração do Louvre Abu Dhabi foi celebrada no mundo da arte e chamada — pelo próprio museu e por diversos jornais — de uma “ponte entre Ocidente e Oriente”. O museu “conta a história da humanidade em 12 capítulos” e reúne obras consagradas de artistas como Da Vinci, Mondrian, Picasso e René Magritte.

A abertura do museu, contudo, não aconteceu sem polêmicas. Já na época do anúncio da parceria entre França e Emirados Árabes, diversos intelectuais franceses protestaram contra o acordo, acusando o governo da França de “vender a alma” do país ao negociar um patrimônio cultural dessa forma.

O que mais chamou atenção foi a condição de trabalho dos operários dessa e de outras obras da Ilha Saadiyat. Em 2015, o The Guardian denunciou as “condições de prisioneiros” em que os profissionais (a maioria, imigrantes) estavam vivendo.

Quem é Jean Nouvel, o arquiteto que assina o projeto

“A luz existe apenas porque há sombra, ela é algo que evoca uma sensação, uma emoção.”

É assim que o arquiteto francês Jean Nouvel, com 72 anos na época da inauguração do Louvre Abu Dhabi, define o papel da luz em seus projetos em uma entrevista.

O próprio arquiteto chama de “incomum” o trabalho que faz com a luz. Ele venceu o prêmio Pritzker em 2008, e o discurso do júri faz referência, justamente, ao modo inovador com que Nouvel trata a iluminação dos projetos que assina. A obra que o tornou célebre é o Instituto Mundial Árabe (IMA), inaugurado em 1987, em Paris. O edifício é marcado pela aliança entre arquitetura e tecnologia.

A construção faz parte dos Grandes Projetos do ex-presidente da França François Mitterrand — o mesmo a encomendar as pirâmides de vidro em frente ao Louvre francês. A face norte do edifício, voltada para o Sena, é um “espelho da cultura ocidental”, segundo o arquiteto.

É na face sul que a originalidade da obra se revela. Nouvel posiciona 30 mil diafragmas fotossensíveis na fachada de ferro e vidro. A forma intrincada deles é inspirada nos mashrabiyas, fachadas de varandas árabes fechadas com treliças de madeira, utilizadas desde a Idade Média. À medida que a luz do sol os atinge ou se afasta, eles se abrem ou se comprimem, de forma a regular a luminosidade no interior do edifício.

iluminação natural é um aspecto presente na maioria das obras do francês, mas ele não gosta de dizer que possui propriamente um estilo, e sim que cada lugar e situação exigem uma obra com características diferentes.

Por que a arquitetura da obra é impressionante

Tocando as águas do Golfo Pérsico, o Louvre Abu Dhabi é um arquipélago por si só. Ele é composto por 55 pavilhões separados que simulam a organização de uma medina — cidadelas árabes fortificadas.

Em entrevista ao Telegraph, Nouvel explica a inspiração: “Um museu deve ser parte de uma cidade e da vida”. O domo principal do Louvre Abu Dhabi ergue-se, justamente, no centro dessa simulação de cidadela.

A estrutura, de ferro e alumínio, tem peso equivalente à Torre Eiffel (7,5 toneladas), mas parece flutuar sobre a construção. É um truque de sustentação: quatro píeres ocultos na edificação (e distantes mais de 100 metros um do outro) são responsáveis por mantê-lo erguido a 36 metros.

O domo, cujo diâmetro soma 180 metros, é outra estratégia de iluminação concebida por Nouvel. O formato, caro à tradição árabe, é composto por oito camadas sobrepostas — as quatro exteriores de ferro inoxidável, e as demais de alumínio. Juntas, elas formam quase oito mil estrelas, de variados tamanhos, que deixam passar feixes de luz do sol através de pequenos espaços entre elas. Não é à toa que a estrutura foi batizada como Chuva de Luz.

Além da beleza, o domo tem função ambiental. Ele impede que o calor ou a luz incidam diretamente sobre o interior do museu e cria um “microclima”, potencializado pelo piso de pedra. E quem se preocupou com a possibilidade de chuva pode se tranquilizar, pois um filme transparente entre camadas do domo serve de proteção (embora a maior parte do ano seja de calor em Abu Dhabi).

Inspire-se

As obras de Nouvel de que falamos aqui são exemplos de modernidade, mas não se esquecem da tradição arquitetônica árabe. Você também pode acrescentar um toque dessa cultura aos seus projetos de maneira simples.

Os mashrabiyas são a principal influência para a criação dos cobogós, que são uma invenção modernista brasileira. A iluminação e ventilação naturais proporcionadas pela utilização deles os aproxima da proposta árabe e, alguns formatos mais elaborados, chegam a lembrar os padrões orientais.

Um exemplo da utilização acertada de cobogós é um projeto da Roberta Bortoluzzi, do escritório Bortoluzzi Arquitetura, de Santa Catarina. A arquiteta aplicou cobogós na sala de estar de uma residência unifamiliar na cidade de Chapecó.

A principal referência foi o movimento modernista brasileiro, mas Roberta não dispensa a influência árabe.

“A arquitetura árabe é sempre uma inspiração. Principalmente com as conexões e a globalização, podemos aproximar cada vez mais cultura e arquitetura, que sempre andaram lado a lado.”

Para o projeto, ela escolheu os cobogós porque eles proporcionam “luminosidade, ventilação, integração e segregação dos ambientes de forma discreta”. Ela utilizou cobogós Studio Craft, e comenta: “Em material cerâmico, eles também vêm carregados de significados de naturalidade e propiciam sensação de aconchego e personalidade ao ambiente”.

Você também se sentiu inspirado? Comente o que mais chama a sua atenção no Louvre Abu Dhabi e conte para a gente se algum aspecto dele se relaciona a projetos que já fez ou gostaria de fazer!

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  1. É uma forma de mostrar o quanto é possível na arte. O sistema de ver de um lado para outro demonstra a realidade do nosso crescimento nas visualizações. Maneiras preponderáveis de representação.



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