Ê, saravá é sucuri/ Ê, sarará de prajati/ Eis o siri-de-coral/Sururu na casca é capote no Nordeste (Sururu de Capote, Djavan, 1980). CONCEITO GERAL: Com base no tema principal: “O que está dentro importa”, direcionamos nosso olhar para nossas raízes com o propósito de imbricar a rica história e cultura alagoana com a arquitetura. Alagoas, como sugere seu nome, é um estado banhado pelas lagoas Manguaba e Mundaú, sendo sua capital Maceió adjacente à Lagoa Mundaú. A Lagoa Mundaú é responsável por abrigar um ecossistema que, além de garantir a base da cadeia alimentar da região lagunar, é o alicerce que representa o sustento da vida dos moradores. Santuário da ictiofauna, abrigando diversas espécies de peixes, crustáceos e um molusco popularmente (re)conhecido como patrimônio em Alagoas, o sururu. Este conjunto de organismos desempenha um papel vital na preservação da ecologia e no equilíbrio ambiental, refletindo na importância intrínseca de cuidar do que está dentro. Nossa proposta busca não apenas enaltecer a importância cultural, ambiental e econômica da Lagoa Mundaú, mas também de resgatar e valorizar a conexão entre a população e os fazeres da terra, como a mariscagem, o artesanato de madeira, de fibra, de barro e argila e os bordados, em especial: o Filé, o Redendê e o Boa noite, práticas que junto a seus mestres são o Patrimônio Vivo de Alagoas. Ao integrar os elementos da cultura e da história alagoana à arquitetura circundante, surge o Espaço cultural - Do barro à lagoa, onde se pretende criar ambiências e signos que celebrem a identidade única da cultura local, promovendo a conscientização sobre a necessidade de preservar esses recursos e técnicas. Dessa forma, na tentativa de conciliar passado e presente, o bairro definido para implantação do projeto foi o Jaraguá, sítio histórico, onde a partir do seu porto marinho Maceió foi se desenvolvendo. A arquitetura é capaz de produzir efeitos tangíveis e intangíveis, além de servir como força motriz para permanência da nossa herança cultural e o futuro sustentável que pretendemos alcançar. O que está dentro, nesse caso, transcende as superfícies palpáveis e nos faz compreender a essência que sustenta tudo o que somos e aspiramos ser. DESCRIÇÃO DO PROJETO: Para elaborar um projeto mais funcional e sustentável, a ideia central se baseou nos 3R’s (reduzir - reutilizar - reciclar) da economia circular. Fundamentado nesse conceito, a primeira diretriz para o projeto é que o espaço fosse compartilhado e tivesse apenas um vão livre. Dessa forma, todas as funções e comércio aconteceriam em conjunto, setorizado em três ambientes, cada um contendo um traço do artesanato alagoano. O primeiro setor comercializa esculturas de barro, madeira e fibras. No segundo setor temos as peças exclusivas das nossas rendeiras, o filé, o redendê e boa noite. O último ambiente, é um espaço amplo destinado à convivência e a pequenos eventos que impulsionam nossa cultura, como apresentações de coco de roda, folguedos, workshops e oficinas. A proposta visou um lugar que traga novas e atraentes oportunidades, o espaço cultural foi idealizado para o visitante mergulhar em nossas raízes. ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS: Utilizamos estratégias sustentáveis acessíveis e eficientes: com o vão livre, reduzimos o consumo de materiais e custos no projeto, visando um melhor conforto térmico e acústico, foram utilizados na estrutura e vedação os tijolos ecológicos produzidos com a mistura do solo oriundo da região e com combinação do resíduo da casca do sururu gerados pela atividade socioeconômica dos marisqueiros da lagoa mundaú, pergolado em concreto que possibilita a entrada de ventilação e iluminação natural, além de viabilizar a passagem de água da chuva para irrigar as plantas, a forte presença da vegetação trazendo purificação para o ar e maior sensação de bem-estar. Para o hidrossanitário, o sistema adotado consiste no reaproveitamento das águas captadas pelas chuvas e pelos drenos do sistema de climatização, visando alimentar a água dos vasos sanitários e mictórios dos banheiros. Boa parte dos revestimentos escolhidos são da linha Authentic da Portobello e utilizamos o Bloomy Fog 90x90 Natural em todo o piso com a intenção de criar uma unidade e não contrastar com o projeto, como uma das ideias do projeto surgiu da essência do Sururu, utilizamos a Solar Brick Concreto no primeiro setor e escolhemos o Highlands - Olive existente no segundo setor para representar as águas das lagoas que banham a maioria das rendeiras de Alagoas. Por fim, o revestimento em tons terrosos, uma tendência na arquitetura, da linha Terralma - Sardenha, escolhido para a área de convivência, oferecendo mais vida ao lugar junto à vegetação. #OQUEESTÁDENTROIMPORTA
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