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Vida real com arquitetura

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29.05.2020
O bom de ficar em casa, para mim, é aproveitar o projeto do arquiteto Robert Robl, sobre quem, afinal, é esse texto.
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Eu moro em um apartamento projetado por um arquiteto. Minha casa é linda, reflete minha personalidade, é funcional, é confortável e atende perfeitamente ao meu estilo de vida. Desde que o isolamento social foi indicado como principal forma de prevenção à Covid-19, eu praticamente não sai mais desse lar que tanto amo. E com o adicional de um namorado que foi liberado para home office e veio morar provisoriamente comigo. Temos aproveitado, juntos, o bom de ficar em casa.

Nessas últimas semanas, eu tenho agradecido por ter uma casa acolhedora, um local em que me sinto bem. Agradeço por ter uma cozinha ampla, com bancada de seis metros, atingida graças à integração da antiga lavanderia. Agradeço por ter um sofá confortável, inclusive recentemente renovado com a troca do estofado. Agradeço ter um tapete natural, porque adoro sentar no chão. Agradeço por ter uma mesa de jantar grande, que vem recebendo toda a bagunça de dois home offices simultâneos. Agradeço por ter um piso que não demonstra muita sujeira. Agradeço, em resumo, por ter contratado um arquiteto para projetar minha casa, sete anos atrás.

O arquiteto Robert Robl, em um de seus projetos. O quadro ao fundo é um de seus garimpos vintage na Cápsula Decor

Esse arquiteto é Robert Robl, sobre quem, afinal, é esse texto. Em 2013, Robert e eu estávamos no início de nossas carreiras, ele como arquiteto solo, eu como jornalista de arquitetura. Nos conhecemos por meio da Casa e Jardim, revista de decoração. Recém-formada e trabalhando no mercado editorial, eu não tinha uma grande verba para reformar meu apartamento. Contratar um arquiteto definitivamente nem passava pela cabeça dos amigos da minha idade. Na contramão da juventude, eu, talvez por trabalhar com isso, já valorizava demais ter uma casa bonita e funcional.

Robert me ajudou a tomar todas as boas decisões que fazem da minha casa o refúgio perfeito hoje. Com seu olhar afiado de arquiteto, ele rapidamente entendeu quais eram as melhores qualidades que meu apartamento tinha a oferecer e explorou cada metro quadrado com bom gosto. Fez render até os centavos do meu limitado orçamento. Posso até dizer que Robert previu algumas das tendências de decoração que viriam nos próximos anos, como o millennial pink e o azulejo de metrô, na época só comercializado no Brasil pela Portobello Shop.

A minha cozinha foi uma das primeiras do Brasil a ter azulejos de metrô, hoje um revestimento amplamente utilizado

Após a finalização do projeto, nossa relação de arquiteto e cliente evoluiu para uma de amizade. Desde então, eu tive o prazer de ver a carreira do Robert florescer em dezenas de projetos tão lindos quanto o meu. A Portobello se tornou algo em comum na nossa atuação profissional: eu produzindo conteúdo para a empresa, Robert como especificador parceiro da Portobello Shop e da Officina Portobello.

O banheiro de casal do Apartamento Brooklyn II é todo em Bianco Covelano, inclusive as cubas Oasis da Officina Portobello

Ele confia na Officina para realizar as cubas de banheiros e bancadas de cozinhas e espaços gourmet. “O acabamento da Officina é impecável. O porcelanato é resistente e impermeável. Com mármore e silestone, existe preocupação com porosidade. Os revestimentos cerâmicos são menos porosos”, explica Robert. Quem me dera a Officina já existisse em 2013.

A cuba Oasis, da Officina Portobello, foi eleita também para o banheiro do filho do Apartamento Brooklyn II, mas executada em Area White. Os azulejos da área molhada são da linha Quadrante

Além dos cuidados técnicos, há também a vantagem estético. “É muito legal poder fazer o piso e a bancada no mesmo material”, diz. No Apartamento Brooklyn II, ele apostou na Serie Oasis para as cubas esculpidas em porcelanato dos banheiros do casal e do filho, em Bianco Covelano e Area White, respectivamente. “Eu gosto das superfícies da Portobello, das reproduções de mármore claro, do branco e do preto de Area”, continua. 

As bancadas da área gourmet do Apartamento Brooklyn I foram executadas su misura pela Officina Portobello em Superquadra Concreto. O espelho decorativo é da Cápsula Decor

Ele também é fã das reproduções de concreto, como o Superquadra que usou na bancada su misura da área gourmet do Apartamento Brooklyn I. “Os tons de cimento da Portobello são bonitos. Parece um concreto de verdade, mas com a vantagem de ser bem mais impermeável”, conclui.

Liverpool mais uma vez em um projeto de Robert, dessa vez na cor Grafite. O arquiteto estima ter feito 50 banheiros com azulejos de metrô

Quanto aos revestimentos, os azulejos Liverpool se tornaram uma marca de seu trabalho – Robert estima ter feito 50 banheiros com eles. “Os clientes pedem porque é tendência e eu também gosto. É um produto com bom desenho, boa proporção”, explica. Atualmente, ele tem se interessado mais pelo Pavillon, com as cores da Policromia Arquitetural de Le Corbusier. “É uma peça bem horizontal, com 40x5cm. Achei muito legal o formato e as cores e tem o perfume vintage que eu gosto”, revela.

Vintage é um tema que Robert, de fato, adora. Ele define seu estilo como contemporâneo, mas com toques de vintage e de cores. “Gosto de pegar peças boas de outras épocas. Eu não faria uma casa inteira com peças vintage, com cara de antiquário. Mas pontuo boas referências de outras épocas. Pela questão da estética, porque eu acho bonito e interessante. E também pela sustentabilidade, pois existem muitas peças antigas bacanas que podem ser reutilizadas”, explica. A paixão por garimpar peças vintage o levou a abrir a Cápsula Decor, loja de decoração de objetos antigos ou novos com perfume vintage.

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Robert define seu estilo como contemporâneo, mas com toques de vintage e de cores. A cozinha de estar tem Concretissyma Matiz Grigio no piso e Bianco Paonazzetto na parede

Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Ufsc – Universidade Federal de Santa Catarina, foi na área de decoração que Robert mais se encontrou. Mas antes de descobrir essa paixão (e talento), ele trabalhou por seis anos como arquiteto de uma construtora em São Bento do Sul, sua cidade natal, no norte de Santa Catarina.  “Era muito frustrante fazer o projeto de arquitetura e deixar para outra pessoa resolver os móveis. Eu adoro a obra do zero, mas acho que a decoração é a cereja do bolo, é o que faz o projeto acontecer visualmente”, diz.

Por isso, em 2007, partiu para Nova York, nos Estados Unidos, para fazer o curso de interior design na renomada escola Parsons. Em paralelo aos estudos, ele trabalhou no escritório PJC Architecture, que faz principalmente reforma de interiores. “Não era propriamente decoração, tínhamos uma decoradora contratada à parte. Eu fazia detalhamento de interiores, marcenaria nos mínimos detalhes, projeto de iluminação. Era tudo muito detalhado, eu aprendi muito lá nesse sentido”, relembra.

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O Apartamento Morumbi tem Concretissyma Matiz Grigio no piso

A volta ao Brasil teve como destino São Paulo, onde Robert trabalhou com a arquiteta Debora Aguiar, também com projeto de interiores. O bicho da decoração o picou somente em 2009, quando foi trabalhar com o decorador Beto Galvez, sócio da arquiteta Nórea de Vitto. “Com o Beto comecei a aprender sobre decoração: proporção, produção, tecidos. Como arquiteto, eu não tinha esse embasamento. O Beto foi uma escola”, conta. Em 2012, Robert ele abriu seu próprio escritório. Eu fui uma de suas primeiras clientes e o resto é história.

Apartamentos como meu, de aproximadamente 100 metros quadrados, compõem a maioria dos projetos de Robert. Em Nova York, onde o metro quadrado vale uma fortuna, ele se especializou em espaços pequenos. “Aproveitar bem todos os cantinhos da casa é uma premissa do meu trabalho. Existe uma vida real em que 100 metros quadrados são suficientes para um casal e dois filhos. Será que quem tem uma sala de 200 metros quadrados dá festas para 50 pessoas toda semana? Espaço sem uso me incomoda. Pode ser lindo, mas é desnecessário. Eu prefiro ser essencial” diz Robert. 

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Apartamentos pequenos são a especialidade de Robert, que estudou e trabalhou em Nova York. Esse estúdio tem apenas 29 m2. O piso é Brasilia Concreto Cinza e a bancada da cozinha foi executada em Mineral Black

No contexto do isolamento social decorrente da pandemia da Covid-19, essa abordagem faz ainda mais sentido. “Como limpar uma casa de 400 metros quadrados sozinho?”, ele questiona. Apesar das dificuldades da crise, Robert segue otimista e vê o momento como uma oportunidade para repensarmos o uso da casa. 

“Casa é proteção. E como é bom estar em uma casa gostosa, decorada certinho, com tudo na proporção correta, ergonomicamente pensada, sem exageros. Uma iluminação decente, um sofá que te abraça, uma cadeira confortável para trabalhar, mesmo que não tenha home office”, afirma. Eu sou a prova viva. Experimentando, há 67 dias, o bom de ficar em casa.


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Foto de destaque: A cozinha da minha casa, logo após a reforma comandada por Robert Robl. Na fotos estão minha mãe, Cristiana Ferraz, e nosso casal de daschunds, Bela e Bil

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Maria Silvia Ferraz
Colunista
Editora

Editora do Archtrends, colabora com a Portobello desde 2014. É jornalista pela Faculdade Cásper...

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