Parto em casa: como preparar o lar para receber o seu filho?
A procura pelo parto em casa cresceu nos últimos anos e ganhou ainda mais força durante o período de isolamento social imposto pela pandemia. Afinal, grávidas e bebês entraram para o grupo de risco da Covid-19. Isso fez as mães procurarem por alternativas na hora de dar à luz.
Mas antes disso, o parto domiciliar já era um assunto bastante discutido entre aquelas que gostariam de fazer deste um momento humanizado, no qual seja possível conferir protagonismo ao corpo feminino.
A maneira como lidamos com o parto mudou no século XIX, quando surgiram as primeiras escolas de medicina. Desde então, ele passou a acontecer em hospitais, favorecendo a cesárea, que acontece em 55% dos casos no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Saiba mais a respeito do parto domiciliar nos tópicos a seguir!
Como funciona um parto em casa?
Uma das principais dúvidas é como acontece o parto em casa.
Basicamente, é um parto natural, em que não há anestesia ou outro tipo de intervenção, como analgesia, quando é necessária a indução.
Vale destacar ainda que o parto domiciliar e o hospitalar têm taxas muito parecidas de complicação. Foi o que constatou um estudo conduzido pelo VU University Medical, de Amsterdã. Portanto, parir em casa é seguro.
Além disso, o tempo de duração do parto em casa varia de caso a caso. Contudo, é incomum que demore demais, ultrapassando 24 horas.
E, mesmo que haja demora, não há com o que se preocupar. Isso porque a enfermeira ou o médico vão monitorar a temperatura e a pressão da mãe, assim como os batimentos cardíacos da criança.
Os profissionais que acompanham o parto domiciliar podem realizar os primeiros exames. É o caso do apgar, para conferir a vitalidade do bebê, e do capurro, que confere a idade gestacional.
Também é possível fazer em casa o teste do pezinho e as medições de peso e estatura do recém-nascido.
No entanto, entre 24 e 48 horas é necessário levar o bebê ao pediatra para realizar exames específicos, como o teste do olhinho.
Quanto ao registro do recém-nascido, também acontece normalmente. Isso porque o médico ou a enfermeira emitem a Declaração de Nascido Vivo (DNV).
Esse é o documento que deve ser apresentado pelos pais no cartório para registrar o nascimento em até 15 dias.
Qual é a importância de uma equipe especializada?
Para um parto em casa, é necessário contar com ao menos dois profissionais técnicos. De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), pode ser um médico ou uma enfermeira especializados em obstetrícia.
Outra figura cada vez mais comum no parto domiciliar é a doula. Essa profissional é responsável por levar conforto à mãe, dando apoio emocional.
Além disso, ela pode ajudar a reduzir dores com métodos que não envolvem a administração de medicamentos, como a posição da mulher.
Contudo, o mais importante é que os profissionais sejam especialistas no assunto e estejam prontos para oferecer os primeiros socorros em caso de problemas.
O que fazer em caso de complicação?
Vale ressaltar que não é a mulher quem opta pelo parto em casa. Afinal, ela e o bebê precisam ter as condições ideais para que isso aconteça, como veremos em detalhes mais à frente.
Sendo assim, apesar da decisão de tentar o parto domiciliar, os planos podem mudar durante o pré-natal ou mesmo no trabalho de parto.
Além disso, não dá para descartar a possibilidade de precisar ir para um hospital após o parto em casa. Isso pode acontecer por diferentes motivos, como hemorragia, retenção placentária etc.
Portanto, é preciso contar com planos B e C.
O plano B é um hospital para onde a mulher possa ser levada caso seja necessário, como se houver necessidade de analgesia. Aqui, a transferência acontece sem pressa e pode ser feita no carro da família.
Já o plano C deve ser uma unidade de saúde a até 15 minutos de distância da casa escolhida para o parto. Nesse cenário, a transferência acontece de forma emergencial, geralmente de ambulância.
Quais são as vantagens do parto domiciliar?
Ter um filho em casa precisa ser uma decisão consciente. Isso porque, apesar de oferecer o conforto do lar, existe a possibilidade de precisar ir para o hospital.
Sem falar que requer alguma preparação do imóvel para que tudo corra bem. Contudo, há vários benefícios no parto domiciliar, como:
- ter uma equipe de filmagem e fotografia escolhida pela família, caso queira. Nem sempre os hospitais permitem a entrada desse tipo de profissional;
- poder se banhar, deitar e comer a comida na sua própria casa, o que proporciona mais bem-estar no pós-parto;
- decidir quem vai acompanhar o parto, sem restrição sobre a quantidade de pessoas e até animais;
- garantir menores índices de intervenção, como analgesia e episiotomia;
- escolher o local da casa mais confortável para o parto.
Quem pode dar à luz em casa?
Apesar dos benefícios, o parto domiciliar não é para todo mundo. Embora a mulher demonstre vontade de dar à luz em casa, são os profissionais que acompanham a gestação que vão dizer se isso é possível.
Entre as condições ideais levantadas pela equipe multidisciplicar ComMadre, estão:
- mãe e bebê sem doenças prévias, como diabetes, hipertensão, problemas renais ou cardíacos, infecções ou Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs);
- mulheres que não tenham feito cesariana anteriormente ou não tenham passado por qualquer cirurgia no útero;
- gestação de apenas um feto, pois no caso de gêmeos, são maiores as chances de complicações;
- bebê que não seja prematuro ou tenha problemas de formação;
- mulheres que entraram em trabalho de parto naturalmente;
- bebê no tamanho ideal e na posição cefálica;
- pré-natal normal.
Se por acaso não for possível realizar o parto domiciliar, a mãe pode esperar em casa até a fase ativa do trabalho de parto.
Assim, dá para reduzir as chances de contaminação por vírus e bactérias que circulam no ambiente hospitalar, além de ter mais conforto.
Como preparar a casa para um parto domiciliar?
De maneira geral, não é necessário fazer grandes intervenções em casa para que a mulher possa dar à luz.
Contudo, algumas dicas podem ajudar a aumentar o conforto. É o caso de contar com uma banheira de imersão ou piscina com água quente.
Além disso, é importante preparar um local confortável e aconchegante para que mãe e bebê descansem após o parto.
Um detalhe super importante é o quarto do bebê. O ideal é que ele já esteja pronto quando chegar a hora do parto. Assim, evita-se contratempos quando mãe e criança precisarem de descanso.
A limpeza é primordial em um parto domiciliar. Por isso, é interessante investir em lençóis descartáveis ou plásticos.
Entretanto, não há necessidade de esterilizar o ambiente, até porque é baixo o risco de contaminação em um parto em casa.
Já os equipamentos, como kit de primeiros socorros ou balão de oxigênio, são de responsabilidade da equipe de saúde que vai acompanhar o parto domiciliar.
Por falar no preparo da casa, o porcelanato é uma ótima alternativa para quem quer um revestimento fácil de higienizar. Aprenda a limpá-lo corretamente e a mantê-lo por mais tempo!
Foto de destaque: Parto em casa requer acompanhamento da mãe e do bebê, além de preparo do lar (Foto: Jonathan Borba)