O LOEWE Craft Prize e a celebração do artesanal
Nos últimos anos, o resgate do fazer manual vem ganhando cada vez mais espaço no campo do design. No Brasil, iniciativas como o Mercado Manual e o projeto A Gente Transforma, capitaneado por Marcelo Rosenbaum, trazem os artesãos para o centro do debate sobre o artesanato contemporâneo, suas singularidades e sua importância no desenvolvimento cultural da sociedade.
Enquanto isso, no âmbito global, uma das tendências de primavera-verão 2018 detectadas pela WGSN, o maior escritório de previsões e análises de tendências do mundo, é relembrar o passado para imaginar o futuro, apostando em uma aliança entre artesanato e tecnologia, em prol de um consumo mais leve e consciente.
Nesse cenário vemos surgir pelo mundo exposições e premiações que propõem uma reflexão acerca do artesanato contemporâneo e sua relação estreita com o design. Um desses eventos é a exposição LOEWE Craft Prize, que fica em cartaz até o dia 17 de junho no Design Museum, em Londres.
Criado em 2016 pela LOEWE Foundation – uma fundação de apoio a programas educacionais e proteção do patrimônio cultural, que nasceu como uma oficina de trabalhos manuais, em 1846 –, o prêmio tem como principal objetivo divulgar o artesanato contemporâneo e reconhecer a sua importância na cultura atual.
“O trabalho manual é a essência da LOEWE. Para nós tudo gira em torno do artesanal, no sentido mais puro da palavra. É aí que reside a nossa modernidade e esse será sempre um assunto relevante”, diz Jonathan Anderson, diretor criativo da fundação e idealizador do prêmio.
Para essa edição, um júri formado por designers, arquitetos, jornalistas, críticos de arte e curadores – que contou com nomes como Patricia Urquiola e Toshiyuki Kita – se reuniu em Madri por dois dias para analisar os trabalhos apresentados.
Escolhidos entre aproximadamente 1.900 inscritos, os 30 finalistas se destacam em termos de realização técnica, inovação e visão artística. Entre os trabalhos selecionados, assinados por artesãos vindos de 18 países diferentes, cerâmicas, joias, têxteis, móveis e objetos em vidro, serralharia, papel e laca retratam a excelência da produção artesanal internacional atual.
Aliando técnicas tradicionais a um método de coloração especial, desenvolvido por ela, a ceramista escocesa Jennifer Lee levou o prêmio principal. O trabalho têxtil da francesa Simone Pheulpin e as cerâmicas do japonês Takuro Kuwata receberam menções honrosas.
“Este ano o julgamento foi mais difícil do que nos anos anteriores, com o padrão de candidatos impressionantemente alto em todas as categorias. Os trabalhos escolhidos refletem uma manipulação quase alquímica das possibilidades de cada material e recompensam aqueles que dominaram as habilidades tradicionais para transformar esses materiais em algo contemporâneo", explica um dos jurados, Anatxu Zabalbeascoa.
Coincidindo com a London Craft Week e com a tão aguardada exposição do estilista Azzedine Alaia, o LOEWE Craft Prize reconhece e apoia artesãos de todas as partes do mundo que demonstram um talento excepcional para criar objetos de valor estético apurado, celebrando a importância do artesanal em uma sociedade dominada pela produção em massa.
Uma iniciativa importante e um evento imperdível para os interessados no futuro do design.