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(Créditos: Guide Beauty)

Ergonomia e diversidade: para quem projetamos?

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08.11.2021
É fato que a ergonomia é indispensável nos projetos de arquitetura e interiores, mas é necessário haver análise crítica para entender quando devemos quebrar padrões.
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Todo processo criativo é envolvido por uma série de estudos e testes, com a arquitetura e o design não seria diferente. A relação entre o corpo humano e os outros elementos de um sistema, conhecido como estudo da ergonomia, é uma das bases mais sólidas da Arquitetura. 

Esse modo de perceber o mundo já se fazia presente antes disso, no século XIX, pela necessidade de aprimorar o desempenho e produtividade do trabalhador, como resposta à competitividade entre as organizações industriais. 

Enquanto disciplina, seu estudo surgiu na metade do século XX, tendo como um dos pioneiros o arquiteto alemão Ernst Neufert, autor do livro “A arte de projetar em arquitetura”, publicado originalmente em 1936.

O livro de Neufert, tido como um manual do arquiteto e designer, foi amplamente aplicado e se consolidou na produção moderna. Até os dias atuais serve como lógica predominante no nosso imaginário, pelo desejo de atender demandas de eficiência e produtividade, em uma relação onde a arquitetura e o humano são vistos, muita das vezes, de maneira extremamente mecanizada. 

A questão é que somos diversos e,  nesse modo funcional de ver o mundo, ignoramos nossa multiplicidade e pressupomos que exista um modelo humano padrão e idealizado que habita esses ambientes, tendo a “cidade ideal” e a casa como uma “máquina de morar”. É fato que a ergonomia é indispensável nos projetos de arquitetura e interiores, mas é necessário haver análise crítica para entender quando quebrar esses padrões.

A ergonomia é indispensável para a segurança e saúde do usuário, interferindo no seu bem estar físico e mental. A manipulação manual de cargas, estudo de movimentos repetitivos e demandas de trabalho, se ignorados, podem levar a lesões, desvios posturais, estresse e ao esgotamento profissional (burnout). 

O que queremos dizer é que sua aplicação se faz necessária em diversas escalas e tipologias, muito além dos ambientes de trabalho regulamentados pela NR-17 (Norma Regulamentadora que aborda questões ergonômicas no ambiente de trabalho).

É através dessa diversidade de corpos que chegamos ao estudo da antropometria, análise das medidas e dimensões de partes do corpo humano.  A antropometria conecta-se também aos estudos da antropologia física e biológica, ao analisar os aspectos genéticos de cada ser humano. Se antes essa ciência era baseada nas características médias da população, hoje, a prioridade é o entendimento das diferenças entre os grupos. 

Trazendo para a realidade brasileira, onde existe uma infinidade de perfis devido a miscigenação de etnias e diferenças culturais em cada parte do território, é fundamental que esqueçamos os “padrões” e valorizemos a multiplicidade. Considerar a diversidade de corpos é oferecer ao usuário aquilo que ele necessita, através de estratégias adequadas a cada caso.

Falar sobre diversidade é falar também sobre o movimento body positive, sobre aceitação de todos os corpos, independente do tamanho, cor e forma que tenham. Uma tendência que ganhou força no mercado da moda e, embora correlacionados, no design e na arquitetura ainda temos muito o que avançar. 

Vejamos alguns exemplos: 

  1. Na moda:

A Nike já aposta no design inclusivo e lançou o tênis Nike GO FlyEase, um modelo prático e funcional que pode ser calçado sem o auxílio das mãos. O tênis possui um calcanhar flexível que retrai quando o usuário o calça, apenas com o movimento único do pé, sem a necessidade de amarrar cadarços. 

  1. Na beleza:

A Guide Beauty é uma marca de maquiagem inclusiva, criada para quem tem Mal de Parkinson. A textura do produto facilita a aplicação e o formato da embalagem proporciona mais conforto e precisão para o usuário. Cada produto tem um formato diferente, tanto para a tampa quanto para o pincel, de maneira a facilitar o movimento da pincelada. 

  1. No turismo:

Portas mais largas, espreguiçadeiras e camas reforçadas, são alguns dos exemplos do que foi aplicado no Unique Village, resort nas Bahamas projetado para acomodar pessoas gordas. A proposta principal é oferecer aos hóspedes uma experiência completa, sem a preocupação de que um mobiliário não esteja adequado ao seu porte físico. 

(Créditos: Unique Village)
O mobiliário deve oferecer conforto, estilo e eficiência, permitindo que o usuário usufrua da experiência como qualquer outra pessoa (Créditos: Unique Village)

O processo de inclusão não diz respeito apenas às pessoas com alguma deficiência e vai muito além do estereótipo da acessibilidade, nesse conceito estamos desejando um design para todos, incluindo também pessoas de baixa estatura, gordos, idosos, crianças, gestantes, pessoas com deficiência, etc.  Propor ambientes que ofereçam usabilidade e autonomia a qualquer pessoa é promover um design de qualidade, abrangente e inclusivo. 

Se você conhece algum exemplo, compartilhe com a gente!

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  1. Ótimo artigo! Sou arquiteta e estou me especializando em acessibilidade e desenho universal. Precisamos cada vez mais questionar, aprender e, principalmente, aplicar esses princípios em nossos projetos!



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