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Inspire-se nas formas geométricas da arquitetura do Palácio do Planalto

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28.02.2018
Em mais um texto da nossa série sobre projetos arquitetônicos brasileiros, chegou a hora do Palácio do Planalto. A construção é notável tanto para os arquitetos, em função de seus traços e volumes, quanto para toda a população do país, por ser palco de movimentações políticas diariamente.
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Se você já viu pelo menos uma imagem do Palácio do Planalto (ou se o visitou), é provável que tenha reparado nas formas exuberantes e nada convencionais dessa construção federal. O prédio, que é considerado uma das produções mais notáveis de Oscar Niemeyer, guarda muita história e inspiração para profissionais de arquitetura em todo o mundo.

Foi pensando nisso que decidimos incluir a obra em nossa série de projetos arquitetônicos brasileiros. Além do contexto histórico que envolve a criação de Niemeyer, você vai conhecer os seus pontos notáveis e se inspirar nas características marcantes que fizeram da arquitetura do Palácio do Planalto um trabalho aclamado internacionalmente.

Vamos lá? Tenha uma ótima leitura!

O surgimento e a construção do Palácio do Planalto

O surgimento do Palácio, como é de se esperar, tem total relação com o contexto histórico vivido pelo Brasil na época. A capital, que era o Rio de Janeiro, seria transferida para Brasília, em um distrito planejado exclusivamente para ser o centro do governo brasileiro.

Lúcio Costa, que era arquiteto e professor, iniciou um projeto ambicioso que se transformaria no Distrito Federal que conhecemos hoje, a pedido do presidente Juscelino Kubitschek. Oscar Niemeyer ingressou como um dos arquitetos responsáveis pela construção do prédio que viria a receber os futuros Presidentes da República. Grande responsabilidade, não é mesmo?

Niemeyer, que estava em pleno momento de ascensão na carreira, honrou a missão e desenvolveu um projeto de destaque. Após a inauguração — que ocorreu no ano de 1960 e contou com a presença de inúmeros Chefes de Estado de todo o globo —, o arquiteto foi nomeado como diretor do departamento de Arquitetura da Universidade de Brasília e membro honorário do Instituto Americano de Arquitetos.

O Palácio do Planalto foi uma das primeiras construções do Plano Piloto de Brasília a ser inaugurada, com o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. A cerimônia significou muito para toda a população da época, não só por causa da inauguração desses prédios, mas também porque a capital do Brasil foi oficialmente transferida de estado. Via-se o início de uma nova era.

Além de ser a localização do Gabinete Presidencial, o Palácio do Planalto hoje em dia abriga a Casa Civil, o Gabinete de Segurança da Presidência e a Secretaria-Geral, e é considerado a sede do Poder Executivo do Governo Federal.

As ideias por trás da mente do autor

O Palácio do Planalto é uma construção que se encaixa no movimento modernista. Ele teve início em meados de 1920, na Europa, e durou até 1970. As ideias começaram a chegar ao Brasil com a Semana de Arte Moderna, realizada no ano de 1922 — um marco importante na quebra de tradições que vinham sendo seguidas pela arquitetura, artes e literatura.

No início, os projetos modernistas foram incluídos a partir da experiência de arquitetos estrangeiros, o que muitas vezes fazia com que eles ficassem restritos à academia e não fizessem parte da realidade da população. Foram justamente Lúcio Costa e Oscar Niemeyer as duas figuras que conseguiram virar o jogo e habituar os brasileiros à arquitetura modernista.

O racionalismo e o funcionalismo nos ambientes podem ser considerados os principais pilares do modernismo brasileiro. Além disso, as formas geométricas eram usadas com frequência e o minimalismoera quase regra: ornamentos e exuberâncias estavam vetados.

Outra característica marcante que serviu de contribuição para arquitetura mundial foi a integração da arquitetura com o paisagismo, que passou a ser visto com extrema importância para o desenvolvimento de qualquer projeto modernista. Roberto Burle Marx, artista plástico brasileiro, foi responsável por difundir a profissão de arquiteto-paisagista na projeção de jardins. Ele, inclusive, esteve presente em várias obras de Niemeyer.

No Palácio Presidencial, a ideia de Niemeyer era unir simplicidade e modernidade, mostrando que era possível inovar e ser pioneiro em um projeto que não pregava excessos e uma “riqueza aparente”, bem comum em edificações que abrigam Chefes de Estado ao redor do mundo.

Características arquitetônicas que deram originalidade ao projeto

O modernismo, estilo que dava espaço ao minimalismo e à simplicidade, fazia isso sem prejudicar em nada a qualidade das obras. Muito ao contrário, Niemeyer e seus colegas foram responsáveis por modificarem inúmeros conceitos enraizados na cabeça do brasileiro da época.

Podemos destacar as seguintes características modernistas como inspirações para o projeto:

  • substituição de janelas por grandes fachadas de vidro;
  • abandono de detalhes luxuosos e bem-trabalhados (rejeição aos ornamentos) na medida em que o minimalismo entrou em cena;
  • formas retilíneas e geométricas;
  • separação entre estrutura e vedação;
  • uso de pilotis, criando um espaço aberto por baixo do prédio;
  • rampas em curvas modernas para unir o chão ao primeiro andar da construção;
  • forte aplicação de grandes colunas;
  • presença de jardins planejados;
  • uso de painéis, murais e esculturas em azulejo.

Niemeyer já contou em várias entrevistas algumas das suas inspirações para criar o Palácio, mesmo que de forma subjetiva. Ele diz, em uma de suas falas, que a intenção das colunas longitudinais era traduzir a leveza de uma pena pousando no chão.

Ele afirma também que queria gerar pontos de vista diferentes a partir de onde o palácio seria observado, quebrando padrões e propondo novas ideias para a arquitetura da época.

Esta fala, que é muito interessante, faz referência às artes plásticas, que passaram a interferir ainda mais no projeto de arquitetos brasileiros:

“A liberdade plástica me possuía e as fiz com as pontas finas e os palácios como penas tocando o chão”.

A liberdade de criar e ser literalmente um artista transformou por completo a profissão até os dias de hoje.

Por dentro da obra

É possível visitar o palácio toda semana. Os encontros acontecem aos sábados pela manhã e são guiados, durando cerca de 20 minutos. É possível ver de perto a decoração de cada um dos quatro andares, que é extremamente rica e nos leva a uma viagem ainda maior ao modernismo brasileiro.

Dentro das salas, a decoração chama a atenção com os móveis do arquiteto modernista Sérgio Rodrigues. Além disso, há também diversas esculturas de artistas brasileiros de todos os tipos.

Com obras que vão desde o pernambucano Zezinho de Tracunhaém até o artista plástico Frans Krajcberg (nascido polonês e naturalizado brasileiro), o Palácio do Planalto respira modernismo e é uma grande inspiração para qualquer projeto de arquitetura.

Arquitetura do Palácio do Planalto
Arquitetura do Palácio do Planalto

A importância de estudar essas construções notáveis está não apenas no fato de agregar conhecimento para o arquiteto, mas também em ensinar as melhores maneiras de aplicar os conceitos na prática.

Seja no desenvolvimento do projeto da sala de estar de um apartamento ou na criação da fachada de um grande prédio, saiba que é possível se inspirar e reproduzir ideias dessas obras que mudaram o mundo.

E então, depois de conhecer melhor a arquitetura do Palácio do Planalto, ficou curioso para saber ainda mais sobre o universo das tendências e histórias que envolvem a arquitetura e áreas relacionadas? Siga-nos no TwitterFacebook e Instagram para não ficar por fora de nenhuma novidade!

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  1. Bom dia, só a tíltulo de correção, a primeira imagem que ilustra a chamada da matéria se trata-se na verdade do Palácio da Alvorada (onde tem a esculturas Yaras).

  2. Olá Antônio!

    Muito obrigada pelo seu alerta! Já fizemos a alteração.

    Continue nos acompanhando!

    Abraços,
    Equipe Archtrends

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