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Arquiteto empreendedor: já pensou em se tornar um deles?

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30.07.2018
A formação em Arquitetura abre portas para diversas carreiras. Você já pensou em empreender e abrir o seu próprio escritório? Conversamos com alguns arquitetos que trabalham dessa forma e preparamos este artigo para você entender as vantagens, desafios e detalhes do empreendedorismo nessa área. Acompanhe!
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Decidir com que tipos de projeto você vai trabalhar e não ter chefes ou horário fixo de trabalho parece bom, não é? Mas e aprender a gerenciar processos e pessoas, lidar com a burocracia de um negócio e ter que conquistar clientes por conta própria?

Tudo isso faz parte da rotina de arquitetos empreendedores, para quem o trabalho vai muito além de realizar projetos e envolve também conhecimentos de gestão e marketing. Você já pensou em aliar empreendedorismo e arquitetura e abrir sua empresa?

Este artigo surgiu de uma conversa com alguns profissionais que trabalham dessa forma. Eles nos contaram sobre as vantagens, os desafios e outros detalhes da carreira. Confira!

Quarto masculino – painel para TV em mdf padrão grafite e a mesa com aparador foram planejados para o melhor aproveitamento do espaço disponível.

Quarto masculino – painel para TV em mdf padrão grafite e a mesa com aparador foram planejados para o melhor aproveitamento do espaço disponível

As vantagens do empreendedorismo na arquitetura

“Nós não temos chefe, então temos liberdade para gerir o negócio do jeito que achamos melhor, além de criar nossas próprias metas. Não precisamos seguir um horário fixo e nós mesmos definimos o tipo de serviço que oferecemos — com base na demanda, claro”. É assim que Lucas Melo, do escritório Malha Arquitetura, resume as vantagens de ser um arquiteto empreendedor.

Ele se formou em Arquitetura em 2017 e, logo após concluir a graduação, aliou-se à colega de turma Leila Villela para formar a Malha. Entres outros serviços, a dupla trabalha com projetos executivos e representação gráfica realista de ambientes.

A decisão de já sair da faculdade empreendendo foi uma mistura de necessidade e vocação, segundo Lucas. Os dois faziam estágio em escritórios nos quais não havia perspectiva de efetivação. “E, como queríamos trabalhar com projetos arquitetônicos autorais, decidimos nos juntar para entrar no mercado sem depender de outros escritórios”, ele explica.

A trajetória da arquiteta Aline Lopes é um pouco diferente. Ela se formou em 2013 e foi efetivada em uma grande construtora na qual já fazia estágio há três anos — primeiro, como estagiária de Individualização, e depois como estagiária de Obras.

“Eu empreendia em paralelo, porque apareciam trabalhos para fazer como freelancer. Apareciam naturalmente”, ela lembra. Como morava em um condomínio muito grande, acabava fazendo um projeto para um vizinho ou outro, por exemplo, o que ajudou a aprimorar o trabalho ao longo do tempo.

Ao longo de nove anos trabalhando em uma construtora, Aline acumulou uma experiência em canteiro de obras que, hoje, é um diferencial do seu escritório: “Eu venho de obra, então sou bem técnica. Eu entrego um projeto bem completo, enquanto o mercado tem a prática de segmentar a decoração e os projetos técnicos”.

Aline oferece serviços como reformas arquitetônicas, produção de maquetes de interiores, design de mobiliário e imagens 3D.

Quarto masculino
Exemplo de imagem 3D – Quarto masculino

Os desafios enfrentados por quem empreende na área

Como a maior parte dos trabalhos, empreender em arquitetura não traz somente vantagens. Os profissionais que escolhem esse caminho podem enfrentar alguns desafios também. Aline, por exemplo, nunca havia trabalhado em um escritório de design de interiores, e precisou dar duro para gerenciar o dela.

“Por não ter passado por um escritório de arquitetura, eu não sabia os processos desse trabalho, até mesmo para ser administradora. Eu não sabia como administrar o negócio ou fazer contratações, e tudo isso foi um pouco complicado para mim, porque eu não sabia como outros lugares faziam”, ela conta.

Lucas e Leila, da Malha Arquitetura, chegaram a fazer estágios em escritórios de arquitetura. Mas, embora isso os tenha ajudado a desenvolver as capacidades técnicas para realizar projetos, não os preparou plenamente para a administração de um negócio próprio.

“Quando nós éramos estagiários em escritórios, não tínhamos experiência em lidar diretamente com os clientes e não conhecíamos as etapas iniciais para abrir um escritório. Nós não tínhamos nenhuma estratégia de gestão ou conhecimento das obrigações legais para manter um negócio. Outro grande desafio que tivemos foi aprender como conseguir clientes”, detalha Lucas.

Na perspectiva dele, a faculdade de Arquitetura nem sempre oferece o suporte necessário para formar empreendedores. Para aprofundar os conhecimentos na área, sua parceira de negócios procurou um curso de aperfeiçoamento em gestão especificamente para escritórios de arquitetura e engenharia.

Exemplo de imagem 3D - Quarto masculino
Exemplo de imagem 3D – Quarto masculino

O que você precisa saber para começar seu escritório

A perspectiva de abrir um escritório de arquitetura parece animadora para você? Antes de começar, é interessante prestar atenção a alguns pontos, como os trâmites necessários para abrir uma empresa, as formas de contratação de colaboradores e maneiras de prospectar clientes.

Não existem muitas respostas prontas para lidar com esses processos, mas nossos entrevistados compartilharam algumas dicas preciosas que aprenderam por experiência própria. Veja a seguir.

Como conseguir clientes

Que arquiteto não quer uma resposta mágica para a pergunta: “como eu consigo mais clientes?”. Infelizmente, ela não existe, mas algumas práticas podem ajudar.

Os primeiros clientes da Malha Arquitetura foram contatos da família e pessoas que já conheciam o trabalho que eles desenvolviam durante a faculdade. Agora, estão chegando a uma fase em que são procurados pela indicação dos primeiros clientes.

SAIBA MAIS: Como escolher um arquiteto? 8 passos para acertar na decisão

O início do escritório de Aline foi parecido: “O forte é a indicação, porque eu trabalho com isso há anos, então eu tenho uma carteira de clientes para quem eu já fiz projetos e que me indicam”.

A indicação não é o único meio de chamar atenção de potenciais clientes: a presença on-line também ajuda bastante. Tanto Aline, quanto a Malha Arquitetura mantêm sites próprios. Se você acha complicado, Lucas e Leila provam que não é: eles mesmos criaram o site do escritório, sem nenhum conhecimento em programação ou áreas similares. E, claro, também vale criar seu perfil no Archtrends Portobello!

Nossos entrevistados ressaltam a importância do Instagram, em que compartilham o portfólio e interagem diretamente com o público. Ter um calendário de publicação, segundo eles, é muito importante: eles mantêm uma planilha com a data e assunto de cada publicação.

Quer dar uma olhada no perfil dos nossos entrevistados para se inspirar? Confira @alinelopesarquiteta e @malhaarquitetura.

Como manter um relacionamento com fornecedores

Sobre a relação com os fornecedores, Aline resume: “Eu fui vendo que a gente precisa ser um pouquinho desinibida para conseguir as coisas. Você não pode ter medo”. Ela conta que, no começo do escritório, muitas vezes ficava sem graça em abordar fornecedores para estabelecer parcerias, mas hoje em dia se apresenta tranquilamente a artistas plásticos e lojas de revestimento e de móveis, por exemplo.

LEIA TAMBÉM:​ Parceria no escritório de arquitetura: saiba transformá-la em negócios!

Lucas e Leila também têm investido em uma abordagem direta com os fornecedores. Uma das formas de fazer isso é especificar qual marca forneceu o material utilizado em cada projeto quando fazem postagem com as imagens 3D no Instagram. Já iniciaram contato com diversos fornecedores na própria rede social.

Quando contratar mais colaboradores

Embora tenham começado o escritório há pouco tempo, Lucas e Leila já receberam alguns currículos enviados espontaneamente por universitários que desejam estagiar com eles. Foi dessa forma que Aline encontrou as três estagiárias que trabalham com ela hoje em dia.

Segundo a arquiteta, ela demorou para perceber que precisava de colaboradoras no escritório. “Como eu sempre fiz tudo sozinha, achava que dava conta das demandas. Mas a gente tem que atender cliente, prospectar… Não adianta querer desenhar tudo e ser centralizadora”, avalia.

Hoje, ela assume uma posição estratégica nos negócios e participa de uma quantidade maior de eventos de arquitetura e decoração para prospectar clientes e fornecedores. Essa necessidade de estar fora do escritório durante mais tempo a alertou de que precisava delegar algumas tarefas. E foi aí que contratou as estagiárias, cujo trabalho é regulamentado por documentos fornecidos pela própria faculdade em que estudam.

Na perspectiva de Aline, a contratação de funcionários demanda um controle otimizado dos processos e das informações do escritório, para que todos os projetos mantenham o padrão de qualidade mesmo passando pelas mãos de mais pessoas. Hoje, ela compartilha planilhas com as colegas para, por exemplo, padronizar detalhamentos e layers dos projetos.

Como lidar com a burocracia

“No curso de aperfeiçoamento que a minha sócia fez, ficamos sabendo que é essencial ter um contador e um advogado para fazer consultorias pontuais e em longo prazo”, diz Lucas. Ele e Leila procuraram um contador para entender melhor se já deveriam abrir uma empresa oficialmente.

Segundo o consultor dos dois, o momento ideal para efetivamente abrir uma empresa é quando os serviços do escritório começam a ser solicitados por empresas — para elas, pode ser mais vantajoso tratar com pessoas jurídicas.

Aline, que já atua há mais tempo na área, tem planos para abrir uma empresa no futuro próximo.

Quando montar uma sala para o escritório

Desde 2014, Aline mantém uma sala para o escritório em São Paulo, mas nem sempre foi assim. Durante muito tempo, ela trabalhou em casa, como rememora: “Quando eu precisava atender os clientes, levava as amostras e o computador em uma mala de viagem e ia até o cliente para fazer a reunião na casa dele mesmo”.

Ela decidiu montar um espaço fora de casa quando, nas palavras dela, o quarto já estava cheio de amostras e parecia ele mesmo um escritório. Como não poderia deixar de ser, ela própria assina o projeto da sala no bairro Vila Almeida.

Lucas e Leila trabalham em casa, mas revezam a locação do escritório: alguns dias permanecem na casa dela, em outros ficam na dele. Eventualmente, também procuram espaços de coworking. Depois do levantamento, os arquitetos apresentam o orçamento e as ideias iniciais do projeto por e-mail, e acompanham o cliente em lojas sempre que é preciso.

Quarto de hóspedes
Quarto de hóspedes feito pelo escritório Malha Arquitetura

Como definir o preço dos seus serviços

Definir o preço que você vai cobrar para cada serviço que oferece pode ser um desafio. Aline conta que, durante muito tempo, fez estimativas de preço sem muitas referências, mas hoje está atenta a isso e utiliza parâmetros mais claros para precificar.

Na perspectiva dela, os preços sugeridos pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU) nem sempre estão dentro da realidade do público que ela atende, por isso procura fontes alternativas. Uma delas, segundo indicação da arquiteta, é o Guia de Orientação Profissional da Associação de Arquitetos de Interiores — Seccional Rio Grande do Sul.

Aline ressalta que é preciso não confundir o relacionamento comercial com os clientes com uma amizade, porque isso pode levar a situações desvantajosas para o arquiteto. “Você começa a fazer desenhos que vão tomar tempo e pelos quais o cliente não pagou, por exemplo”, alerta.

Lucas destaca que atenção aos prazos também é essencial: “No comecinho, nós pedíamos prazos que hoje consideramos muito curtos. Nós aprendemos que uma entrega com um produto final bem-elaborado é melhor do que uma entrega rápida”.

Gostou dessas dicas sobre como se tornar um arquiteto empreendedor? Reuni-las só foi possível graças ao compartilhamento de informações dos nossos entrevistados. Que tal você dividi-las com seus colegas também? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!


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  1. Excelentes dicas! Estou no 9º período e amo empreendedorismo, não consigo me imaginar fazendo outra coisa haha Muito obrigada por compartilharem!

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