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23.12.2019
Amanda Ferber, nome por trás da página Architecture Hunter, conta sua surpreendente trajetória profissional e dá dicas para arquitetos utilizarem o Instagram.
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Apenas 24 anos, 2 milhões de seguidores no Instagram. O Architecture Hunter de Amanda Ferber está no mesmo patamar das grandes páginas de arquitetura na rede social, como Wallpaper, Dezeen, Design Boom e ArchDaily. Mas o que fez uma jovem paulistana atingir sozinha um número tão expressivo a ponto de competir em pé de igualdade com grandes empresas especializadas em conteúdo? Nós acreditamos que foi o olhar único de Amanda, além de seu compromisso com a qualidade e seu talento nato para redes sociais.

Se você ainda não segue o Architecture Hunter, não perca a oportunidade: @architecture_hunter. O perfil traz projetos de arquitetura contemporânea de todo o mundo, com a curadoria de Amanda. Há uma infinidade de bom conteúdo, com cerca de três posts diários, que inspiram e também apontam tendências de arquitetura e interiores.

Architecture Hunter
A foto mais curtida no Architecture Hunter em 2019 foi esse projeto do Hiroshi Nakamura & NAP, em Hiroshima, no Japão (Foto: Koji Fuji, Nacasa & Partners Inc)

O perfil foi criado em 2013, logo que Amanda entrou na Faculdade de Arquitetura do Mackenzie, em São Paulo. Para trabalhos do curso, ela salvava em seu celular fotos de projetos que gostava. Quando se deu conta, já tinha um amplo arquivo e decidiu criar um perfil no Instagram para compartilhar as imagens. Escreveu as legendas em inglês, para que os arquitetos e fotógrafos que citava entendessem. Essa decisão inocente a levou a alcançar um público global. Atualmente, o Architecture Hunter tem seguidores pulverizados por todo o mundo: 9% nos Estados Unidos, 7% no Brasil, 6% no México, 5% na Índia e 3% na Itália.

“Eu acredito que tenha sido uma das primeiras páginas de arquitetura no Instagram”, relembra Amanda. O início ocorreu de maneira pouco ambiciosa. Como nativa digital, era natural para a jovem universitária compartilhar seus interesses nas redes sociais. “As pessoas esperam que eu diga que foi difícil chegar até aqui, mas não foi. Era um hobbie, eu não tinha objetivos. Cada novo seguidor significava apenas que as pessoas gostavam do que eu compartilhava”, diz.

Architecture Hunter
O terceiro post mais curtido no Architecture Hunter em 2019 foi esse interior do arquiteto Georgios Tataridis (Render: Georgios Tataridis)

A página foi anônima por muito tempo. No início, Amanda sequer contou sobre o Architecture Hunter para seus amigos ou familiares. Com o crescente sucesso, ela passou a divulgar para pessoas conhecidas, inclusive arquitetos, marcas e assessorias de imprensa brasileiras. Atualmente, a bio do Architecture Hunter leva sua assinatura. Mas até hoje muitos não ligam a página a uma pessoa física e sequer sabem que uma brasileira está no comando.

Nos bastidores, no entanto, as histórias de Amanda e do Architeture Hunter se entrelaçam. Foi graças à página do Instagram que ela conseguiu seu primeiro estágio de arquitetura, no celebrado Studio MK27. Marcio Kogan, um dos maiores nomes da arquitetura contemporânea brasileira, era um seguidor assíduo. Durante o lançamento de um livro, em 2015, ela se apresentou pessoalmente e ele a convidou para conhecer o escritório. A visita acabou virando um estágio de três meses, ao final dos quais Amanda entendeu que não gostava tanto de projetar, mas se interessava por falar sobre arquitetura. Ali ela começava a inventar um novo caminho como arquiteta.

Architecture Hunter
O Brasil também aparece no Architecture Hunter, apesar da curadoria ser internacional. O quarto post mais curtido em 2019 foi essa casa suspensa dos arquitetos Alessadro Giraldi e Marcelo Moura, do Tripper Arquitetura (Render: Studio Vir)

Foi o próprio Kogan que impulsionou Amanda a trabalhar com conteúdo. Durante seu estágio, ele promoveu um almoço para o ArchDaily, site de arquitetura mais visitado do mundo. Kogan apresentou Amanda e brincou: “essa menina tem mais seguidores que vocês”, se referindo à página do ArchDaily Brasil no Instagram. Amanda acabou indo trabalhar no ArchDaily, entre 2016 e 2018. “Eu não tinha ideia do que faria com o Architecture Hunter e a experiência em uma mídia de arquitetura me ajudou a entender o que eu poderia e gostaria de fazer para transformar o hobbie em trabalho”, relembra. No ArchDaily, ela teve a oportunidade de atuar tanto na área editorial, como na comercial.

Após se formar na metade de 2018, Amanda passou a se dedicar exclusivamente ao Architecture Hunter. Hoje, conta com uma equipe de três pessoas e parcerias com grandes marcas brasileiras e globais, como Dell Anno, Ornare e LG. Em novembro de 2019, bateu a incrível marca de 2 milhões de seguidores. Não se considera arquiteta, mas reconhece que a bagagem da faculdade e dos estágios lhe deram inspiração e autoridade para o Architecture Hunter. Além de Kogan, a página tem como seguidores outros arquitetos famosos, como Jean Nouvel e Norman Foster. Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, é outro seguidor célebre.

Architecture Hunter
4 Arquitetura com paisagem atrai likes no Instagram. Esse projeto do BambookStudio, na Indonésia, foi o quinto mais curtido no Architecture Hunter em 2019 (Foto: More About Travel)

Seu novo projeto é a criação de uma plataforma de vídeos, que promete ser o “Netflix da arquitetura”, prevista para abril de 2020. Haverão vários tipos de conteúdos audiovisuais, inclusive os documentários da série Masters. “A visita que eu fiz ao Studio MK27, lá em 2015, me inspirou a fazer documentários com arquitetos. A rotina do escritório era muito legal e eu queria que outras pessoas vivenciassem também. Eu tenho essa vontade de compartilhar”, conta Amanda. 

Os primeiros escritórios que ganham documentário são de São Paulo, mas com reconhecimento internacional: Studio MK27, Perkins&Will, FGMF e Studio Arthur Casas. O próximo destino de gravação será Nova York. Além do Masters, haverá outros formatos de vídeo, como Antes e Depois, que acompanhará do início ao fim a obra de uma construção ou reforma.

Architecture Hunter
O olhar de Amanda é atraído pela arquitetura contemporânea. Projeto de Marcin Tomaszewski foi o sexto mais curtido em 2019 no Architecture Hunter

A página no Instagram continuará firme e forte, em paralelo à plataforma de vídeos. “Todas as coisas boas que me aconteceram foram por causa do Instagram”, diz Amanda, citando oportunidades de trabalho, viagem, palestras, eventos e parcerias com grandes marcas. 

Para a curadoria do Architecture Hunter, ela afirma não existir receita. Mesmo hoje com o crescimento e monetização da página, Amanda simplesmente posta o que gosta. O único critério palpável é a qualidade das imagens. A busca por projetos acontece organicamente, principalmente no Pinterest e no Behance. “Gosto de caçar e descobrir coisas novas”, revela. Ela tem se surpreendido com a cena de design de interiores da Ucrânia. Seu fotógrafo preferido é o português Fernando Guerra e seus arquitetos preferidos do momento são Fran Silvestre Arquitectos, Triptyque e, claro, Studio MK27.

Architecture Hunter
Amanda percebe uma cena forte de arquitetura na Ucrânia. O país produz renders de excelente qualidade, como esse, oitavo post mais curtido no Architecture Hunter em 2019. Projeto e render de Stephan Kotyk

Amanda acredita que o Instagram seja a principal ferramenta para arquitetos divulgarem seu portfólio. Segundo sua pesquisa, 58% das pessoas, ao receberem a indicação de um arquiteto, acessam seu perfil no Instagram em primeiro lugar, antes de procurar no Google ou olhar o site. Por isso, uma outra frente de trabalho é ensinar os arquitetos a usarem melhor a rede social que ela domina tão bem. “Eu quero, com o Architecture Hunter, ajudar a classe de arquitetos”, diz. Confira, a seguir, suas dicas iniciais.

Dicas de Amanda Ferber para arquitetos no Instagram:

  1. Mantenha sua página atualizada sempre. Seja constante, poste com frequência. O Instagram percebe se você fica sem postar e desacelera seu crescimento, o que é difícil de recuperar.
  2. Interaja. Curta, comente e responda comentários. Dedique tanto tempo ao Instagram profissional quanto ao pessoal.
  3. Invista em fotografia. Um bom fotógrafo mostrará o melhor do seu projeto.
  4. Cuide você mesmo da sua página profissional. Se não tiver comprometimento, contrate ou designe alguém da sua equipe para cuidar.
  5. No pior cenário, contrate uma agência de conteúdo. É melhor ter uma agência fazendo do que não ter um Instagram ativo. Mas abrir mão de postar fará você perder o controle da qualidade.
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Maria Silvia Ferraz
Colunista
Editora

Editora do Archtrends, colabora com a Portobello desde 2014. É jornalista pela Faculdade Cásper...

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